Pra quem estava esperando algum twister na evolução musical dos macacos que resultasse em algo parecido com o velho e bom WPSIATWIN, se decepcionou bastante. O disco não chega a ser propriamente uma continuidade do FWN (embora deva muito a este), mas é com certeza, uma ruptura em relação ao "Whatever..."
Humbug não é genial. Não vamos banalizar essa palavra, apesar de eu seja o tipo de pessoa que se impressiona com uma certa, digamos, facilidade. Mas a palavra que pra mim melhor define o "Humbug" é interessante. Orquestrado pela tutela experiente de Josh Homme, carregado por um ar inconfundivelmente sabbathiano, no entanto ainda assim não me desceu redondo na primeira vez em que ouvi. Mas depois de algumas escutadas eu consegui entender o Humbug. O próprio nome, algo como "fraude", parece dizer o mesmo que se dizia quando se pensava em "whatever people say I am... that's what I'm not!" Soa como um "ainda somos os mesmos", mas sem ser. Sabe quando a gente cresce? Aos vinte anos somos as mesmas pessoas de quando tínhamos 6, e por outro lado não somos. Essa é a impressão que tenho do disco. Mas sem clichês, já há muitos por aí, e mais alguns por aqui. Vamos ao que interessa.
São apenas dez faixas. Algumas devedoras do FWN, como "Pretty Visitors". "Crying Lightning", primeiro single é a que considero "abrir" o álbum, e sucede a lenta "My Propeller". "Dangerous Animals" não deixa a desejar ao ar sombrio e mais profundo (em um sentido que não sei explicar agora; por isso, querido leitor, use sua imaginação...), e é, com certeza, uma das melhores músicas do CD. "Crying..." e "Dangerous..." equivalem a uma pancada após a lentidão do início do disco. Junto com "Secret Door", "Potion Approaching", e "Dance Little Liar", são faixas entre as melhores do álbum. "Fire & The Thud", que a gente já conhecia na ótima versão acústica, ganhou moldes sofisticados, com bons backings feitos por um "quinto elemento" (rs). "Fire & the Thud" é a faixa mais sexy; "Cornerstone" é a mais soft (uma baladinha despretensiosa e agradável de se ouvir); "Pretty Visitors", a mais FWN. E "The Jeweller's Hands" "fecha"o cd sem o impacto costumeiro dos discos anteriores) e, por isso mesmo, sem quebrar a coesão do disco.
Uma terceira guitarra agora encorpa o som, contribuindo para dar um tom mais pesado, mais sombrio. Baixo bem marcado, bateria competente. Os teclados estão lá, limpos, sem frescuragens. E o que se exigiu de Alex em termos de vocal, no FWN, quando ele se arriscou a notas mais altas, deu bons resultados no Humbug.
Apesar de ser um álbum menos intrépido que o FWN (usando este último como referência, e não como uma suposta "obra-prima" original a que se pode comparar), o Humbug é um disco interessante, que acabou me envolvendo por tantos elementos diferentes juntos, mas coesos.
Tudo bem, ele pode não ter aquela pegada frenética do Whatever. Fato. Mas é um álbum com uma agressividade inegável e latente que merece ser observada e sentida. Resta-nos perguntar se sem a tutela de Josh Homme o disco não teria saído à la WPSIATWIN. Mas o que o Humbug parece afirmar é o velho espírito "don't believe the hype" sob o qual os garotos iniciaram sua carreira.
Eu posso estar errada. Não sou crítica de música, sou professora de História. Mas não espero um quarto cd tão cedo. Tenho um terceiro muito bom para fazer cooper todas as tardes, e isso, pra mim, e por hora, está de bom tamanho...